BRASIL ENERGIA PETRÓLEO OUVE PRESIDENTE DO CONSELHO CONSULTIVO SOBRE A RETOMADA DO ONSHORE
A revista Brasil Energia Petróleo publicou, em seu site e na versão impressa, uma matéria sobre a expectativa de retomada do setor onshore com o projeto de desinvestimento da Petrobras chamado Topázio. O presidente do Conselho Consultivo da Great Great Holdings, José Antonio de Magalhães Lins, foi um dos executivos entrevistados: “O Projeto Topázio é a primeira etapa do projeto de criação de uma indústria independente do petróleo onshore no país”.
Confira abaixo a reportagem na íntegra:
Bilhões brotando em terra
Campos ofertadores no projeto Topázio têm quase 6.000 poços perfurados e pouco mais de 2.000 estão produzindo
Por Felipe Maciel
Durante todo o ano de 2011 funcionários da antiga Gerência Executiva de E&P Norte-Nordeste da Petrobras rodaram o Nordeste para definir a locação de uma nova fábrica de sondas terrestres para o país. O plano era simples: com a demanda futura por poços em terra, a petroleira iria renovar toda a sua frota de sondas, não somente própria, mas também a contratada.
O projeto começou a ser implantado em 2012, quando foram contratados com ETX, Empercom e Braserv o afretamento de 20 sondas de workover. O próximo passo seria contratar a renovação da frota de perfuração. Uma demanda de 28 novas sondas.
Tinha tudo para dar certo. Mas deu errado. Ninguém previu que aquele mundo com o barril acima de US$ 100 – o que tornava muitos dos projetos terrestres economicamente viáveis – poderia acabar. Em 2013, a Petrobras chegou a divulgar um investimento de R$ 3,2 bilhões na Bahia para a manutenção da produção na região no patamar de 50 mil barris/dia de óleo e 8 milhões de m3/dia de gás natural. Novos projetos em Miranga, Água Grande, Taquipe e Candeias contemplam a perfuração de 26 novos poços de produção e 227 intervenções em poços já existentes.
A produção nunca chegou nesse nível. Miranga é hoje um dos principais polos que serão vendidos no Projeto Topázio, desinvestimento da Petrobras que vai vender mais de uma centena de campos terrestres no Nordeste. A área é vista como a mais atrativa do projeto.
Atualmente, ETX e Empercom figuram no cadastro de empresas impedidas de contratar com a Petrobras justamente por conta desses contratos. A renovação da frota de sondas de perfuração terrestre nunca saiu e quem foi atraído para o país tenta hoje sobreviver.
O Projeto Topázio é visto por 100% dos investidores como o primeiro passo para uma retomada do setor onshore, que está definitivamente parado, no país. Dados da ANP revelam que nos primeiros seis meses do ano foram perfurados 126 poços em terra. Se os números forem mantidos para o segundo semestre teremos o pior ano da última década, com 252 poços perfurados em terra.
No atual plano de negócios, atualmente em revisão, a Petrobras pretendia perfurar, entre 2015 e 2019, 1.777 poços onshore em todas as bacias sedimentares. O número representava uma média de 355 poços por ano, uma queda considerável nas atividades terrestres. Somente em 2013, a Petrobras perfurou um total de 414 poços. Também estava prevista a realização de 2.800 intervenções em poços já existentes.
É a venda dos campos terrestres da Petrobras que vem sustentando a esperança de muitos para um 2017 melhor. Os mais de 100 campos que estão no projeto de desinvestimento da Petrobras contam com 5.934 poços perfurados, dos quais pouco mais de 2.000 poços estavam ativos em abril de 2016. O abandono definitivo desses poços é o que está no radar das empresas e pode demandar R$ 2 bilhões.
Rolf Pickert, gerente-geral da Brasbauer, empresa que fez investimento da ordem de € 10 milhões em uma fábrica para construção de sondas de perfuração, é um dos otimistas. Acredita que o projeto de desinvestimento pode ser fundamental para o onshore voltar a caminhar.
“Nós não desistimos. Achamos que vai haver uma retomada. Esse projeto vai trazer uma nova dinâmica para o mercado”, comenta o executivo da Brasbauer.
A Brasbauer concluiu recentemente a construção de sua primeira sonda, que foi certificada pela ABS e teve índice de conteúdo local de quase 80%. Com a infraestrutura atual, tem capacidade de colocar duas novas sondas por ano no mercado.
Outra empresa que continua apostando forte no onshore é a Great Perfurações, comandada por Rubens Botteri e José Antonio Lins. A empresa, que é resultado do desmembramento da Tuscany Brasil, tem hoje nove sondas em seu portfólio. Apenas três unidades estão operando no momento, uma com a PGN e outras duas com a Petrobras.
Manter uma sonda parada com todos os cuidados para estar apta a operar quando for demandada pode exigir entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões por ano. Esse volume de recursos exige também a crença de que o setor será retomado.
“O Projeto Topázio é a primeira etapa do projeto de criação de uma indústria independente do petróleo onshore no país”, comenta Lins.
Não são todos, porém, que continuam apostando. Em outubro de 2014, a Calmena concluiu a venda da subsidiária brasileira e de todos os ativos que detinha no país. A operação foi fechada por cerca de US$ 6,5 milhões.
No final de 2012, a Calmena rompeu os contratos de afretamento de quatro sondas que operavam para a Petrobras na Bacia de Sergipe-Alagoas. A empresa alegou ter prejuízo com a operação das sondas no país.
Em fevereiro deste ano, a Lupatech, que em 2012 comprou por R$ 100 milhões as sondas da San Antonio, confirmou a parada das sondas de workover da empresa em Catu, na Bahia. A empresa tentou negociar com a Petrobras a continuação da prestação de serviço dos equipamentos, mas não teve sucesso. Ao todo, oito sondas pararam.
A velocidade que a Petrobras vai conseguir imprimir ao projeto Topázio será fundamental para a retomada das campanhas em terra. O programa, que é sem dúvida uma quebra de paradigma dentro da empresa, pode representar milhares de empregos nas regiões norte e nordeste do país. Mais do que desinvestir, a ideia deve ser deixar alguém investir.